Imaginável medo
A última sessão de fisioterapia contou com uma conversa cabal. “Não tem mais jeito”, disse a doutora. Ele pensou em seus contos, em seus livros, em seu trampo. “Porra, é o fim”, falou ele. Restou apenas o silêncio por parte dos dois. Deixou um adeus e um abraço a todos da clínica. “Não existe culpado além da doença, o porco reumatismo”, foi o que ele pensou. Acendeu um cigarro e saiu andando. Lá pelas tantas começou a correr. Tinha pressa em cumprir sua promessa, seu destino! Abriu a porta do “apertamento” que só a imobiliária que lhe cobrou uma vida inteira de aluguel sempre chamou de apartamento. “É agora”. Olhou a parede e deu uma série de socos violentos. Sangrou muito. Pegou o litro antes de recomeçar e ligou a maior boca do fogão enquanto podia. Por tanto tempo esperou tal dia. “Chegou”, pensou ele. De novo acertou a parede com toda a força, igual uma batida de surdo. A dor não foi maior que a da alma. Por toda uma vida procurou um caminho. Achou seus dedos, sua sorte e se...