Poema livre
Quando
estou com Bach,
tenho
cervejas e muito papel,
eu consigo
respirar,
porque leio
Bukowski,
Fausto
Wolff e escrevo o que vou rodar.
É o único
modo que encontrei pra ser livre.
Eu sento
aqui e começo a digitar,
passo o
tempo todo com esta máquina de escrever.
Sinto que a
agonia se esparrama pelo papel e isto faz com que eu possa usar esta porra toda
que fede em meu favor.
A música
incessante em meu ouvido se tornou uma espécie de silêncio que me protege e eu
não escuto mais nada,
só ele.
Passar a
minha vida confinado,
a escrever
é uma decisão irredutível,
exceto por
conta de eventuais saídas,
doses
homeopáticas de mundo pra que eu não perca a minha imunidade,
entende?
Evito
pessoas sempre que posso e o prazer da minha solidão eu conquistei sendo muito
mais louco do que se imagina.
Digo sempre
que de tanto ouvir Bach,
e ler
Bukowski,
e Fausto
Wolff,
esbarrei na
liberdade e isto foi a minha sorte.
Fiz da
minha vida literatura e música,
e montei um
birô de edição artesanal,
imprimo
poemas,
folhetins,
livros e
contos de tamanhos variados.
Eu penso
que tudo que é manual tem mais valor,
porque se
torna único de verdade,
eu sou a
minha própria força motriz,
então,
uma vida
escangalhada pela dor se transformou em sorte,
porque não
me basta escrever,
eu também
quero rodar a parada,
entende?
Isto não é
um hino de vitória,
mas eu
sinto as dores de quem chutou a porta até que a derrubou.
É só,
não é nada
demais,
sei que
isto não mudará o giro do mundo,
embora eu
confesse que tenho culpa sim,
se acordei
alguém.