Pra onde foi a porra da paz?
Ando
pensando em me arrastar até uma caverna e viver de besouros e minhocas,
sujeira e
solidão,
só que eu
sinto preguiça de tentar,
porque em
pouco tempo estarei novamente procurando um novo lugar,
chego a
cogitar que talvez,
o que eu
busco não existe,
aliás,
o que a
gente encontra no mundo de hoje que possa tocar a nossa alma,
a nossa
existência?
Eu não sei,
ando um
tanto quanto cansado,
achava que
um dia tudo isto ia passar,
que eu
poderia me ver com a barba feita,
com um
terno liso e uma gravata agarrada em minha garganta como um cão raivoso a me
morder,
e que
pudesse me sentir bem a carregar uma valise brilhante e cheia de acordos
infames,
mas não foi
assim,
eu não
consigo fazer parte de certas coisas.
Já pensei em
descer pra os esgotos e ficar por lá,
a viver de
baratas e ratos frescos,
mas se eu
fizer isto e puder aguentar um bom tempo,
sei que
logo as profundezas dos esgotos também estarão cheias,
porque eles
estão por todos os lugares e em pouco tempo todos eles estarão atrás de mim de
novo,
com as
mesmas conversas,
os mesmos
pensamentos,
com os
mesmos valores,
os mesmos
objetivos e com os mesmos papéis a estampar tudo o que eles representam.
E o pior é
que eles têm brilho nos olhos enquanto falam com você e tentam fazer uma
lavagem cerebral em suas convicções,
é muito
triste entender e aceitar que todos eles realmente desejam e acreditam em tudo
isto,
e que fazem
parte de tudo que o manda pra longe deles com o mais absoluto gosto.